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4.8.07

Passeio público

Quarta-feira, no Jornal de Notícias

[A perdição das chamas]

Há muitos anos que não tínhamos um Estio tão hesitante, indeciso. E por isso, quase de esquecimento. Os dias de Junho (e muitos de Julho) assemelhavam-se mais a uma espécie de invernia agonizante e moribunda, mas ainda com alguns laivos de autoridade (isto é, frio e chuva). A estes últimos dias caniculares, de calor atroz, arriscamos categorizá-los já como dias de Verão. Parece que agora é que é. Eu ainda não estou convencido. Vou deixar que passem mais uns dias. Se o Inferno continuar a insistir em elevar-se até nós, não terei alternativa e serei o primeiro a dar as boas-vindas à estação soalheira, de praias, repouso, cervejas e tremoços.

A verdade é que não sabemos muito bem com o que contar. Calor no Inverno, chuva no Verão, Primavera de folhas caídas e Outono a espreitar andorinhas. Meteorologia trocada, confundida; clima impostor e com ares de pantomineiro. Como diz a minha avó, com a sapiência que os anos lhe conferem: “aquilo lá em cima está muito remexido”. As palavras serão menos eloquentes que as de Al Gore, e menos científicas, mas incidentalmente condensam e sintetizam o argumento do ex-candidato a presidente dos EUA: o clima está a metamorfosear-se, as transformações climáticas são tudo menos boas e a responsabilidade é dos humanos e da sobre-exploração dos recursos naturais. Uma das possíveis sequelas das alterações climáticas consiste no aumento das temperaturas médias.

Há algo de perverso e paradoxal na mansidão cálida do Verão. A canícula é auspiciosa quando desejamos a praia, a piscina ou a esplanada bem bebida. O problema é o resto e o sobejo não é despiciendo: os incêndios, justamente ditos “de Verão”. O distrito de Coimbra é, ano após ano, uma das cintas geográficas mais flageladas pela perdição das chamas.

Se por um lado atrai a muitos considerar levianamente que a culpa dos incêndios é sempre e apenas do Governo (rosa ou laranja, alternadamente), outros defendem a culpa de um punhado de tolos socialmente desestruturados, das empresas madeireiras e mesmo dos bombeiros.

Contudo, o questionamento cardinal deverá incidir sobre os erros estruturais cumulados desde há muitos anos e que não se esgotam na falta de meios de combate a fogos, no mau ordenamento do território florestado ou na quase inexistência de guardas florestais. Jorge Paiva, biólogo e professor na Universidade de Coimbra, refere a existência de notícias de incêndios florestais desde o século XII. As chamas não eram tão vorazes porque a floresta era, nessa altura, dominada por “folhosas”. Agora, basta seguir as estradas municipais para nos apercebermos do monolitismo da floresta no distrito de Coimbra: eucalipto, eucalipto e ainda mais um eucalipto.

As memórias dos enganos em matéria florestal estão vivas em muitos centros de investigação universitários; a Universidade de Coimbra, sobretudo, vem-se destacando no esquadrinhamento das causas dos incêndios. As medidas coercivas sobre eventuais pirómanos, o aumento do número de bombeiros e de carros de combate a incêndios, não servirão de nada se este jardim debruado de mar se transfigurar num deserto de pedregulhos e eucaliptos clonados.

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