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13.6.07

Ad aeternum

Apercebi-me que vivo dentro de um livro. O meu corpo não é mais que um parágrafo. A minha biografia não tem direito a um capítulo inteiro, sequer. Mas um capítulo, vendo bem, é mais do que tem a maioria dos homens. Alguns têm direito a duas linhas no obituário do jornal, outros nem isso. Uma fotografia sobre o mármore é a única coisa que resta, a maior parte das vezes. Esses são aqueles que se furtam à rasura e se acolhem na memória de algo. Palavras, fotografias, um neto que persiste em perguntar pelo que desapareceu. Mas tudo isso é em vão, tudo é um destroço futuro face ao tempo, à eternidade. Face ao nada que nos apaga inexoravelmente.

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