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13.1.06

A morte da antropologia

Creio – sem, todavia, ter qualquer certeza – que Claude Lévi-Strauss, no locus clássico de recusa do etnocentrismo, Raça e História, e no polémico O Olhar Distanciado, não pretendia senão lutar contra o ocidentocentrismo e salvaguardar as culturas indígenas do epistemícidio peperpetrado pelo Ocidente. Não comento as lacunas do argumentário do antropólogo francês nestes dois textos canónicos, falhas que foram apropriadas de forma indevida por um certo neo-racismo e pela extrema-direita populista. Contudo, não deixo de notar a preocupação extrema de Lévi-Strauss com a valorização desmedida da diferença cultural que, em último caso, supõe a incomensurabilidade dos sistemas culturais e a tentação de preservação das culturas num hipotético estado de essência natural. Em última análise, perpassa vagamente nestes escritos de Lévi-Strauss a apologia do simulacro, de que nos fala Baudrillard, a cristalização das culturas indígenas num estado de autenticidade, só possível com o encerramento das fronteiras trans-culturais. A simulação irrepreensível pressupõe a criogenização, ou melhor, o assassínio do objecto de estudo (o indígena) pela etnologia/antropologia, que assim cauciona a sua própria sobrevivência.

O governo brasileiro implementou um programa de treino militar a grupos indígenas da Bacia do Amazonas, presumivelmente para os defender de ataques das FARC colombianas, que actuam pelas mesmas latitudes e longitudes [Público, 16 JAN 2006, sem link disponível]. Não comento os propósitos desta iniciativa, se são militaristas ou filantrópicos, simplesmente não me interessam. Interessa-se, sobretudo, a reacção dos antropólogos que trabalham aqueles campos: um tropel de criticismo fundamentado na noção de que o contacto com as armas dos “brancos”, em última instância, com a cultura destes (como se eles não fossem brancos, na sua maioria, e educados na Europa e EUA), provoca uma disrupção das tradições tribais, um definhamento da cultura indígena e outros esmaecimentos do género. A hipocrisia é assustadora. Estas críticas convocam o âmago do projecto destes antropólogos: a construção de uma realidade ensaiada em que, mais que seres humanos, os indígenas são bonequinhas Barbie que só podem contracenar com os autênticos acessórios Mattel. Serão mesmo antropólogos? Serão talvez conservacionistas ou tratadores do zoo, apostados em simular uma realidade que já não existe e em manter os seus indígenas em grades de formol.

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