A verdade
Acabo de comprar "Os emigrantes" de Winfried Georg Sebald. Corro os olhos pelas páginas, texto intercalado por fotografias cinzentas, e remeto a memória satisfeita ao primeiro livro de Sebald que li, "Austerlitz". O escritor, que morreu em Dezembro de 2001 num acidente de viação em East Anglia [o seu exílio inglês], era também um fotógrafo devoto. Os seus livros acumulam imagens que brotavam de passeios longos pelas ruas desertas, abrigadas na película da sua câmera ou em velhos postais e recortes de jornal encontrados no lixo. As fotografias não possuem legenda: mesmerizam o sentido do texto que as rodeia. Autenticam-no através da sua transcendência espácio-temporal e ligam Sebald àquela realidade. Não existe ficção. O autor morreu mas nós sabemos que ele esteve lá, que o que nos lega nas sucessivas páginas dos seus magníficos romances não é nada menos que a verdade.
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