Os necrófagos
Quando as sombras frias me tocam, sinto que o sonho se aproxima vacilante. As mesmas sombras que pairam no exterior da arena poeirenta, aquém da luta, aguardando o agonizar de um dos guerreiros, desejando um erro que o atire definitivamente ao solo para, descansadamente, lhe esburgarem impudicamente os ossos cobertos de carniça. A morte e a desgraça são as nefandas companhias dos abutres e das hienas, as provedoras desses cobardes animais. Os necrófagos são menos piedosos que os predadores propriamente ditos, estes proporcionam uma luta leal ao animal que caçam. Não esperam que ele oscile em desacerto, que a morte o recolha e o abandone à impiedade desleal.
Há quem chore quando os abutres e as hienas esperam o animal que perde, traído pela morte, e sem piedade o desfazem.
p.s. Sem este post scriptum este texto seria talvez demasiado hermético e mal alinhavado para que pudesse ser compreendido. Eu acrescento uma direcção de entendimento: não esperemos, satisfeitos, uma falha do Ricardo, o guarda-redes da selecção, de forma a podermos pronunciar sadicamente “Eu estava certo”. Ninguém se sente feliz com a queda dos outros. Só os abutres e as hienas.
Há quem chore quando os abutres e as hienas esperam o animal que perde, traído pela morte, e sem piedade o desfazem.
p.s. Sem este post scriptum este texto seria talvez demasiado hermético e mal alinhavado para que pudesse ser compreendido. Eu acrescento uma direcção de entendimento: não esperemos, satisfeitos, uma falha do Ricardo, o guarda-redes da selecção, de forma a podermos pronunciar sadicamente “Eu estava certo”. Ninguém se sente feliz com a queda dos outros. Só os abutres e as hienas.
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