O antropólogo e Tintim
O antropólogo Miguel Vale de Almeida, numa pequena reflexão em torno das dificuldades que a comunidade russófona da Estónia enfrenta em aceder à cidadania deste novel país da EU, assemelha o cultivo da língua, do folclore e das "tradições" pelos estónios aos nacionalismos de um pequeno país como a Sildávia de Tintim. Embora concorde com o fulcro do texto de MVA, não me delongo sobre as suas considerações (de MVA), mas sobre o episódio de Tintim a que se refere, O ceptro de Ottokar. Hergé inicia a história de um modo “normal”, isto é, o jovem repórter do Petit Vingtième realiza um acto sem importância aparente (visita um museu onde roubam uma estatueta, aproxima-se de um avião com defeito que acabou de pousar, etc.) depois, progressivamente, começa a envolver-se em eventos de proporções astronómicas cujo alcance só será compreendido muito depois. O enredo de O ceptro de Ottokar é dissímil, no entanto, porque através dele Hergè ideou uma crítica acre ao expansionismo fascista-nazi. Por exemplo, o nome do chefe da Guarda de Ferro da Bordúria, Müstler, resulta da contracção dos nomes de dois imbecis que um dia aportaram neste planeta: Hitler e Mussolini.
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