Mortal combat 1
O sol ainda mal começara a decair e a tarde, de infinita complacência, teimava em demorar-se quieta. Eu sabia, de reparo anterior, que os ninhos eram três: dois no silvado, empoleirados nas forquilhas dos loureiros, e um na vinha, rescendendo o odor açucarado da parreira. Todos tinham criação, denunciada pela azáfama procriadora das aves adultas, melros pretos. A minha óbvia inquietação escorria de fonte felina, os gatos da casa sabiam, há mais tempo que eu, o manjar que se acoitara por ali. Mesmo quando de barriga farta, o gato doméstico [que, para mim, é quimera. O gato continua selvagem e livre, não é como os cães que venderam a alma em troco de uma côdea de pão] não perde uma oportunidade de se divertir com rataria, hordas de insectos e passarada que com ele têm o azar de se cruzar. Apesar de Darwinista ferrenho não ia deixar que a turma traiçoeira se deleitasse com aquelas aves imberbes, ainda mal amanhadas de penugem e a tiritar de frio quando os pais se ausentavam para procurar papinha. [Continua]
Etiquetas: gatos
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