Afloat (como se fora Melville)
O Cork deslizava peremptório sobre as águas encrespadas junto ao Cabo Horn, recidivo na vontade indómita de superar aquele promontório desmedido, não-lugar onde o Pacífico e o Atlântico se acariciam voluptuosamente e onde as sereias atraem os marinheiros ao desespero, não poucas vezes para a morte. Thomas Long, o capitão do baleeiro, pressentira-a quando, três dias antes, avistara aquele desconforme grupo de baleias-francas. Não era como Ahab, patologicamente obstinado, mas tinha que fazer o seu trabalho, não mais que suprir o Cork de cetáceos e levá-los de volta a Nantucket. Olhou mais uma vez o cronómetro mas, desta vez, não registou a longitude no diário de bordo. Long sabia bem que o que escrevera durante seis anos ao comando do pequeno baleeiro nunca seria recuperado do fundo do mar. Gritou aos arpoeiros e estes iniciaram a metódica chacina.
They won’t fight back, he thought one last time. He was wrong.
They won’t fight back, he thought one last time. He was wrong.
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