<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5676375\x26blogName\x3dD%C3%A6dalus\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://daedalus-pt.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://daedalus-pt.blogspot.com/\x26vt\x3d5394592317983731484', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>

24.1.04

Traduttori, tradittori

Há algum tempo decidi começar a ler alguma ficção na língua em que foi originalmente escrita, complete and unabridged, não sujeita à traição subjacente à maioria das traduções. As obras de autores anglo-saxónicos foram a escolha óbvia: o idioma nascido do lado de lá do canal da Mancha, para além das arribas de Dover, insinuou-se há muito na minha existência, sobretudo devido à leitura de epístolas “técnico-pedagógico-científicas” e ao consumo diário de ficção televisionada e cinematográfica proveniente do eixo anglo-saxão.
Na FNAC do Norteshopping escolhi quatro ou cinco clássicos anteriormente lidos na língua de Eça, Camões e Pessoa e encetei a dura empresa de saborear literatura estrangeira, alienígena, sem mediação de um terceiro elemento, o tradutor, a interpor-se conspicuamente entre o autor e eu. Ler o Moby Dick de Herman Melville ou Bleak House de Charles Dickens em inglês é uma experiência aterradora, mortificante, cruel. A riqueza vocabular, a sinonímia, é colossal. Os pareceres solicitados ao Oxford Dictionary constantes. E, não obstante, escutar Ahab ou John Jarndyce a arengarem na sua língua materna é um exercício redentor, vivificante. Franquear o estilo vitoriano de Dickens, a verbosidade de Melville ou a facúndia aventureira de London é, undoubtedly, mil vezes mais entusiasmante que deletrear o inglês mecanicista, técnico e chato de uma dúzia de antropólogos ou biólogos que assiduamente tenho que suportar.