De passagem, no autocarro
Um amigo confidenciou-me que uma vez se apaixonou por uma rapariga que passava num autocarro, já não sei de que linha, nem ele. A figura efémera, esgarçada pelos vidros sujos de uma tarde lamacenta de Novembro, assomou-lhe súbita, rasgando-lhe a consciência e aspirando a sua alma para a ventura de um momento irrepetível. Naquele momento ele foi feliz como nunca foi ou voltaria a ser. Perguntei-lhe: como poderias não amar uma imagem que te prometeu a felicidade?
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