Nesta cidade onde fomos jovens
Perante um céu de lágrimas, resigno. Não sei bem o que faz rodar o mundo por estes dias. A minha natureza impele-me à submissão, qualquer coisa serve: o dinheiro, o trabalho, o amor, a oração, a leitura dos clássicos. Por isso ando cansado e quase sem vontade; diria melhor, cansado e assemelhado a ignavo autómato. Ignavo, para quem não saiba, descansa mais ou menos para o final da sinonímia de indolente. Acrescento, a medo, que continuo [muito] cabotino. Presunção e água benta; comigo é muita da primeira e pouca desta última, que dos padres fujo a sete pés, como o diabo foge da santa cruz. Resigno, pois, no meio da chuva. Os olhos são demasiados para mim, vêem muito, quando eu quero ver pouco e reparar ainda menos. Para não saber o que faz rodar o mundo. Um dia de tartarugas. Cascatas delas, palettes delas, como dizia o outro que morreu e ainda não sabe. Estupidez infinita, talvez não tanta, mas muita. Ainda assim.
Etiquetas: devaneios
<< Home