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10.11.06

Suicide's an alternative*

Szomorú Vasárnap é o nome original da canção, na belíssima [se acreditarmos em Chico Buarque] língua magiar. Todavia, é mais conhecida pelo seu nome no calão de Shakespeare, Gloomy Sunday [e também por Hungarian Suicide Song]. Foi escrita em 1933 por Rezso Seress, pianista e compositor auto-didacta [saltou da janela do seu apartamento em 1968]. A desesperança e amargura da letra de Seress foram cedo substituídas pela melancólica poesia de Lázló Jávor. De acordo com uma lenda urbana, esta canção inspirou dezenas de suicídios em Budapeste. “Importada” para os EUA em 1936, a belíssima e trágica Szomorú Vasárnap transmutou-se em Gloomy Sunday, sucumbindo às inábeis mãos de Sam Lewis e Desmond Carter. A versão de Sam Lewis foi interpretada por Hal Kemp [1936], por Artie Shaw [1936] e mais tarde por Billie Holliday, que, em 1941, estabeleceu a forma canónica de interpretar Gloomy Sunday. É uma das minhas versões favoritas. Entretanto, outros suicídios aconteceram, em terras do Tio Sam, supostamente induzidos pela hipnótica canção. A música foi mesmo proibida em diversas estações de rádio. Voltou a fazer parte da playlist da BBC apenas em 1992. Gloomy Sunday conheceu dezenas de versões: pelos Genesis [1968], por Serge Gainsbourgh em francês [1988], pela lúgubre Diamanda Galas [1992], por Sarah Vaughn [1961], por Elvis Costello [1981], só para citar alguns. Das versões que ouvi, a única que açulou a vontade de me atirar de uma ponte abaixo foi a da irritante Bejórque [1999], a islandesa mais amada pelos pseudos do Tropical. Uma náusea de cantadeira. Ânsia suicidária certamente provocada pela antipatia que nutro pela senhora. Portishead e Sinéad O´Connor [1992] interpretam as minhas versões preferidas [a par com a versão de Billie Holliday].
Gloomy Sunday - Billie Holliday
Gloomy Sunday - Diamanda Galas
*Suicidal Tendencies, Still Cyco After All These Years