Anti-maniqueísmo
Em momentos de crise profunda, quando as fracturas entre povos e ideologias se exacerbam, verifica-se quase sempre a disseminação dos ismos e, quase concomitantemente, dos seus anti-. Face à guerra que opõe Israel ao Hizbollah, os campos opostos de uma das extensões da guerra - no Ocidente - parecem já perfeitamente estabelecidos: a esquerda folclórica, radical e pacifista na ilharga da causa árabe e a direita populista, liberal e guerreira do lado de Israel. Sei bem que é difícil manter uma neutralidade crítica perante os factos que vão desfilando de forma incessante nos telejornais, que o mais fácil será, porventura, abraçar a causa de um dos lados em contenda, fechar os olhos aos erros da facção perfilhada e empolar os do lado a combater: no fundo, abordar a guerra sob os auspícios de um binarismo simplista. Os maus todos do outro lado, os bons todos do nosso e as consciências tranquilas na hora de ir para a cama. Longe eles vão matando e morrendo, por aqui vamos ficando todos cegos pela explosão do mundo a preto e branco.
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