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30.12.09

Limite horizontal

É verdade que fui a Belém, num cálculo reconfigurado à pressa - havia por ali pastéis, pressentidos apesar da chuva e do nariz entupido, e isso (quer queiram, quer não) é o mais importante, pelo menos para um estômago desabitado na vendetta fortuita, duplamente cega, das tardes finais da década. Uma hora, ou menos. Quem sabe do segredo? O senhor Justino, de alcunha o «Recacho», pasteleiro bem-pensante, alfacinha de gema (senão de clara), haveria de saber mas o mundo é grande, quase tão grande como aquele sabor escorregadio, e os desencontros são o pão nosso de cada dia, o ar que não respiramos mas suspeitamos aprisionado nalguma botija de Cousteau.

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26.12.09

Passeio Público

(É Natal)

O Natal é uma época de bons sentimentos, apesar do consumismo e das dificuldades para estacionar na Baixa. O Natal é uma época feliz, mesmo para quem não acredita no estatuto divino de Jesus Cristo. O Natal (lá está ele outra vez) é sempre uma “época de reflexão”, mesmo que se perca muito pouco tempo a pensar nisso. Nesta altura, de resto, em que os jornais parecem velórios descomunais, acham-se muitas coisas sobre as quais se deve meditar um pouco mais que o normal (leia-se: nada).

Há qualquer coisa no modo como algumas pessoas tratam outras (por exemplo, os velhos, os imigrantes ou os homossexuais) que me incomoda particularmente: um desrespeito reiterado, apesar das supostas conquistas da educação e cultura, uma afronta perene e boçal sobre grupos inteiros de pessoas. De pessoas.

Enquanto se discutia no país o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (O Governo já aprovou as alterações ao Código Civil que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo), foram condenados, em Coimbra, três de sete arguidos acusados de assaltos selvagens (os criminosos usaram catanas, punhais e navalhas) a casais homossexuais. Infelizmente, nenhum dos condenados esboçou qualquer tipo de arrependimento. Os seus familiares, de resto, reagiram violentamente à sentença, como se um acto desta natureza fosse desculpável ou justificável. Como se aqueles casais não fossem feitos da mesma massa que o resto da humanidade.

Os homossexuais (os velhos, os imigrantes, as mulheres, os sem-abrigo) são, em primeiro lugar, pessoas. É essa a primeira e principal característica da sua identidade. Muita gente parece esquecer-se desta originalidade peripatética.É Natal e neste dia (não foi exactamente “neste dia”) nasceu um homem, para muitos o filho de Deus, que durante a sua curta vida criou e anunciou uma ideia decisiva e radical: “ama o próximo como a ti mesmo”. Eu não acho que seja difícil amar o próximo, o problema manifesta-se na parte “como a ti mesmo”. Por vezes, as pessoas gostam pouco de si mesmas.
(Ontem, 25/12, no Jornal de Notícias)

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24.12.09

Feliz Natal



(Rembrandt Harmenszoon van Rijn, 1645, Joseph's Dream in the Stable, Berlim, Staatliche Museen)

O Pai Natal é um gordo foleiro que dá mais prendas aos miúdos ricos. Ou isso, ou nem sequer existe.

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22.12.09

Leões de documentário

Uma imagem: os Stukas voando sobre a acrópole. Outra: um leopardo (seria em África?) bocejando no galho forte de um embondeiro. São estas as ruínas gloriosas da têvê, o pulsar de uma ocultação. O que é a realidade, o que é? Desaparecimento. PS3.

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17.12.09

Memórias do terramoto

A cama estava quente e tremeu. A Ana continuou a dormir, um anjo encaracolado. Agarrei-me (literalmente) ao Isaiah Berlin, como ainda não havia feito antes, e sorri. Então aquilo é que era um sismo?

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16.12.09

A recondução

Espero que as coisas corram pelo melhor e que, no final (do que quer que seja), ainda me ache inocente. Um desejo, apenas. As palavras não se substituem aos actos mas acrescentam-lhe a consciência de uma vontade prévia. A natureza do homem requer que se traia a natureza através da lei. Não há, pois, uma recondução ao mínimo ancestral comum; não há sequer um desejo de recondução.

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Sobre a lei

A lei é uma lamentação perante a morte e o homem deve sujeitar-se a ambas: as alternativas não abundam, o coveiro que o diga.

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14.12.09

Passeio Público

(Espírito da cidade)

A saúde é melhor que a riqueza. É o que se costuma dizer, pelo menos. A doença é quase sempre uma condição perniciosa mas, ainda assim, faz parte da angústia de viver. Cerca-a uma espécie de mitologia da perda mas só quando morremos é que perdemos verdadeiramente. Na morte tudo se consuma e decide mas, entretanto, luta-se. Desrespeita-se a ordenação essencial da doença que, no seu curso obediente e sem qualquer intervenção terapêutica, se manifesta crua e hostil.

Os hospitais (qualquer estabelecimento de saúde) não podem ser senão locais onde impera uma terrível lucidez: perante uma disfunção somática, e a possibilidade da morte, resta-nos a competência de auto-regeneração corporal e a assistência colateral dos médicos, enfermeiros e até das canjas de galinha.

Existe um vínculo directo entre Coimbra e a “saúde institucional” – o conhecimento médico e as instituições de saúde reanimam, há muitos anos, a tranquilidade disciplinada do Mondego. É mais fácil (metaforicamente) quando se está doente e se vive em Coimbra, em simultâneo. Os hospitais públicos são muito bons (Hospitais da Universidade de Coimbra, Centro Hospitalar de Coimbra, Instituto Português de Oncologia), a densidade per capita de médicos é a mais elevada do país (or so it seems), o ensino na área da saúde é de qualidade e a investigação médica não se afasta muito dos padrões médios de um país civilizado.

Para além disso, o melhor centro de saúde do país (de acordo com o ranking da DECO-Proteste) é de Coimbra: o Centro de Saúde de Norton de Matos. O Centro de Saúde de Celas é o quarto melhor do país. A “medicina de proximidade” é reconhecidamente eficaz na cidade. São os utentes dos centros de saúde quem o afirma.

Quando alguma coisa parece ser perfeita é porque realmente não o é – mas a perfeição, obviamente, não importa assim tanto. A relevância de todos os indicadores encontra-se no facto de que a “saúde”, em Coimbra, não é um acontecimento epocal mas uma característica estrutural do espírito da cidade.

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10.12.09

Beatos de um deus menor

Estão, como muitos outros, enganados. Esquecem-se (mas o seu esquecimento não interessa nada) das suas fragilidades intrínsecas: o posicionamento correcto nas discussões, as frases reiteradas (ideias feitas e exaustas), o filistinismo ateu e, sobretudo, o moralismo incisivo de quem se sente superior no mundo (sem o ser, na verdade). Tudo isto é muito triste mas a selecção faz-se sobre o indivíduo e não sobre o grupo (há quem leia Darwin sem nunca o ter lido).

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9.12.09

Man the hunter


(Green Arrow: Year One; clicar sobre as imagens)

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8.12.09

As luzes

Não é que não tenham a importância que merecem mas, por fim, falo delas. Não gosto: repassam o véu íntegro da noite. No entanto, dali alguma coisa costuma surgir. Um copo de água, por exemplo.

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7.12.09

Clarisse, a bela

De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos. Tinha quinze anos e não era bonita.
(Clarisse Lispector, Laços de família, pág.75)

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4.12.09

Passeio Público

(Educar é preciso)

Uma mulher (ainda nova) suportou durante anos, em silêncio, os maus tratos do marido. No limiar do desespero, dirigiu-se à GNR de Montemor-o-Velho e apresentou queixa, esperando livrar-se em definitivo das iniquidades a que estava submetida. Algumas horas depois, o cônjuge matou-a com dois tiros de caçadeira. Mais tarde, este homem atirou sobre a GNR, no interior do posto, matando um guarda e ferindo outro. A história parece banal mas isso só piora as coisas. Nestes momentos, o país parece um pasto de chacais. Os homicídios de mulheres continuam. Às vezes, como em Montemor, outros inocentes são arrastados para o vórtice destrutivo.

Tudo isto é triste, evidentemente. Repulsivo. A consciência plena deste tipo de crimes (a sua autópsia escrupulosa nos jornais diários ou nas revistas de psicologia) parece não acrescentar um sobejo de experiência à dor e à indignação que a morte de uma mulher excita na generalidade das pessoas. Ao contrário do que reclama a horda, uma solução mínima não pode contemplar a pena de morte, a “exposição pública do homicida, que dever arder em frente de todos, nu e paulatinamente”. O regresso às trevas não é admissível.

A solução, se é que existe “uma” solução, deve contemplar as circunstâncias que se situam a montante dos crimes, ao mesmo tempo que deve providenciar segurança às mulheres que decidem queixar-se de quem lhes faz mal. Tudo o que não aconteceu em Montemor, de resto. Educação, civilidade e segurança: deve começar-se por aí. A psicologia e a sociologia podem vir depois – mas sem a estruturação básica do carácter de alguns homens não hão-de resolver nada.
É por isso que uma noção lata de “complexidade” não deve ser esquecida no caso dos crimes contra mulheres. Recusar a simplicidade dos argumentos ou das soluções possíveis é dar armas às mulheres para se defenderem. Montemor-o-Velho, como o mundo, não é a preto-e-branco. O crime (o mal) não se pode reduzir aos fuzileiros, aos toiros ou ao álcool. O crime é a negação da etiqueta social. Como diria o outro: educar é preciso.
(Hoje, 04/12, no Jornal de Notícias)

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2.12.09

Anúncio do castigo

Percebo o adorno: a complexidade não é simples e o julgamento resvala nos inúmeros laços que se vão colocando na terra. Depois, o leão há-de rugir. Quem não temerá? Os que já se sabem condenados.

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Catilinária

A realidade só é boa para aqueles que não têm a possibilidade de comprar uma fantasia melhor que a substitua.

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