<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5676375\x26blogName\x3dD%C3%A6dalus\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://daedalus-pt.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://daedalus-pt.blogspot.com/\x26vt\x3d5394592317983731484', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

30.1.05

Corajosos

29.1.05

Impureza

Algo fora do lugar.

28.1.05

Alergia

A prevalência de alergias incrementou exponencialmente nos últimos 20 anos em todo o mundo ocidental. Uma das razões apontadas pelos especialistas diz respeito a um estilo de vida alicerçado na busca jesuítica da suprema higiene. Sonhamos um mundo asséptico, de cristal pasteurizado, em que nenhum germe beija alguma vez a nossa pele recoberta de Nívea ou outra m___a qualquer. Já lá vai o tempo em que um português poderia ingerir, em média, meio litro de água do esgoto sem ir conhecer o túnel com a luz ao fundo. Somos todos umas florzinhas de estufa.

Depois da publicidade a pensos higiénicos, o spot publicitário mais ignominioso da nossa televisão é um que faz a apologia de um iogurte líquido que protege contra as agressões do meio exterior. Exterior, sim, porque nessa peça de marketing aquela gente anda toda enfiada dentro de bolas vacuolizantes de sabão. Seres estéreis que julgam que o mundo acaba depois da porta de casa.

27.1.05

Leituras de Zola, bola

Ela chutou suavemente:
- O que é que andas a ler?
- Um do Zola, o "Ventre de Paris" [thank you Maria João], repondi.
- Eu não percebo, um gajo só porque é jogador de bola escreve logo um livro, arranja logo editora e tudo... Mas ele jogou no Paris Saint-Germain?

Benfica – 3 [7] : Sporting – 3 [6], ou como a tradição ainda é o que era

A tradição não é só a memória ritualizada de um povo. Ainda é o que era, a Taça dos tomba-gigantes. O pequeno David derrubou o Golias ameaçador que, mesmo no final, caiu inerme no campo verde debruado a cal. Ontem a noite foi de gala. Desde há muito que não via um jogo assim entre duas equipas portuguesas. A pior equipa agigantou-se e ganhou. Merecidamente. Se o Sporting tem ganho não era um injusto vencedor porém. Que jogo. Que jogaço. Jogazo! Foi melhor que o MU-Chelsea!
Revejo o golo [a maldade] de Paíto. Uma, duas, cem vezes. O olhar desarmado do gigante Luisão [ou seria o túnel da Gardunha?] vale bem uma vitória.

p.s. Nota negativa para o m_____o do João Pereira… Não pesca nada de bola mas é um grande actor. Talvez faça melhor figura nos Morangos com Açúcar.

24.1.05

Home alone

Depois de arrumar tudo deixou-me, ensimesmado, no sofá solitário da sala. Sibilou:
-Começou a chover. Já arrumei quase tudo. O resto… O resto não me faz falta. Fica cá.

23.1.05

O génio morreu há 100 anos


RAFAEL BORDALO PINHEIRO
[Desenhador, ceramista: 1846 - 1905]

Mais de 100 anos a fazer manguitos









21.1.05

Arte, arte


[St. Sebastian, Andrea Mantegna, 1457/59, Kunsthistorisches Museum Vienna]

No São Sebastião [a hagiologia convenciona a sua festa a 20 do corrente] de Andrea Mantegna o êxtase místico do pretoriano transmudado em santo arrepia até o não crente. A quintessência do martírio. A cena manipulada pelo pintor – no séc. III d.C. não existiam ainda ruínas do mundo clássico greco-latino – mostra o poder eversivo do tempo sobre as relíquias pagãs, destinadas ao pó das estradas. Nesta obra magnífica [verdadeira arte conceptual] só o Cristianismo, incorporado em Sebastião, é eterno e imperecível.

20.1.05

Arte, lixo

No Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz sucedeu algo inacreditável para os gallery goers que exultam com a exposição de arte contemporânea que, por estes dias, adorna aquele espaço de alta cultura: uma empregada de limpeza deitou para o lixo uma parte de uma obra em exibição. A obra de arte consiste num lavatório quebrado num dos lados e nos fragmentos espalhados pelo solo. Foram estes pequenos – e artísticos – cacos que a modesta funcionária postou no caos de uma qualquer lixeira figueirense.


Francesco Guardi
Temporary Tribune in the Campo San Zanipolo, Venice, 1782 or after
Samuel H. Kress Collection
[Arte na minha cabecinha estéril]

A estes objectos industriais ou pré-fabricados que, em virtude de serem escolhidos por um artista, se tornam um objecto de arte realizado por esse mesmo artista, chamam os versados ready-made. Duchamp inventou esta forma de arte em 1914 com a sua Bottle Rack. Neste tipo de arte, eminentemente conceptual, o conceito imerso na obra de arte torna-se a própria obra de arte. Isto é, no seu sentido mais estrito somente as ideias eivadas pelo observador são arte. No caso, a arte foi pensada como lixo. Quem se atreverá a atirar a primeira pedra?

19.1.05

Zakât?

Sinais, a crónica de rádio de Fernando Alves [todas as manhãs, antes das nove, na TSF] derriba, não raras vezes, a infalibilidade medrosa que acorda comigo pela alba. De manhã a fragilidade do corpo é contrapesada pelas certezas insensíveis do espírito. Os fundamentalismos inquinam o entendimento, sobretudo, pela manhã.

Fernando Alves, hoje, entretecia mais uns Sinais falando das petrodinastias, da Arábia Saudita ao Dubai, da sua propensão natural para o financiamento da Gihâd, da sua hipocrisia na interpretação alcorânica. A Gihâd constitui um dos cinco pilares do Islão, assim como a esmola. Quando os jornais alardeiam os mortos na Indonésia, duzentos mil mortos, penso na contribuição das petrodinastias para minorar o sofrimento dos seus irmãos indonésios: um quinto do que foi oblatado pela Noruega, lembra Alves. Zakât? A Gihâd é mais importante.

17.1.05

Torga [1907-1995]

A tarde capitulava atrás da Couraça quando entrei naquele consultório adornado de madeiras antigas, discretos biombos e uma janela fronteira aprisionando a última luz do dia. Um senhor alto, idoso [mais velho que o meu avô, cotejei instantaneamente], pétrea figura de bata branca, olhou de soslaio o meu receio perante o mito. O que é que eu estava ali a fazer, perguntou, não disfarçando a rudeza. Mostrei-lhe o livro, branco com título carmesim, se ainda me lembro. O sorriso do Torga abriu-se. O mito fez-se homem por 30 minutos.



Miguel Torga é o nome literário do médico e escritor Adolfo Rocha, nascido a 12 de Agosto de 1907 em São Martinho da Anta, pequena aldeia de Trás-os-Montes, filho de modesta gente rural; faleceu a 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra.

15.1.05

He is not my president

Aqui ao lado repousa um ícone que desfaz quaisquer dúvidas àcerca da minha simpatia pelo filhote Bush. Não gosto do gajo. É assim. Para ser diferente. Para arranjar problems com os Américas. Alguns até já me enviam mails a glorificar o seu presidente, erigindo fraseado complexo que tenho dificuldade em entender. Eis um exemplo:

"If you are an american, he is today, Bush is great, he will throw out illegals."

Como diria o outro, o comentador da bola: Mas o que é que é isso, meu?

12.1.05

Cigarradas

Afinal fica quase tudo na mesma: quem fuma pode continuar a fazê-lo impunemente em restaurantes e casas de pasto, bares e tascas, discotecas e bôites, é só puxar do cigarrinho, deitá-lo nos queixos, botar-lhe fogo, inalar com força e expelir o fumo com gana para a cara do incauto passante. Os proprietários de tão díspares estabelecimentos poderão assinalar a sua determinação, proibindo os fumantes ou consentindo a prática. Fica a brasa na mão de pessoas que só se interessam, quase sempre, com os proventos, pouco se danando com a saúde da clientela. Não me faz mossa que um indivíduo fume 10, 20 ou 30 cigarros por dia. Eu também gosto de abusar do sal, por exemplo. Sou um louco. Mas a minha proclividade para a comida altamente salificada não introduz malefícios à vidinha de quem, porventura, comigo convive. Tal não sucede com o prolixo halo de fumo, difuso assassino de inocentes. O fumo esvoaçante de um cigarro interfere com a saúde e com a liberdade dos que optam conscientemente por não fumar. E, em matéria de defesa da liberdade, a radicalização das práticas legislativas torna-se premente. Para a montanha não parir um rato.

10.1.05

Justa verdade

“O que faz um homem é como se o fizessem todos os homens. Por isso não é injusto que uma desobediência num jardim contamine toda a humanidade, por isso não é injusto que a crucificação de um único judeu baste para a salvar. Schopenhauer porventura tem razão: eu sou os outros, qualquer homem é todos os homens.”
Borges

Etiquetas:

9.1.05

Liedson-2 : Benfica-1



Ou como o absentismo compensa (e é facilmente perdoado).

A idiota do ano




A SIC Notícias passou uma reportagem onde entrevistaram portugueses que partiram depois da tragédia para a Tailândia, mantendo as férias marcadas como antes de tudo acontecer. Dulce Ferreira respondeu que já tinha as férias marcadas, que não tinha ficado nada preocupada com o que tinha acontecido, porque os pais, que lá estavam, tinham enviado uma mensagem a dizer que tinha havido "uns tsunamis e umas coisas", mas estavam bem. Quando a jornalista lhe pergunta se estava triste com toda a situação Dulce Ferreira respondeu "sim, claro, agora já não vou ter todas as condições de férias que iria ter se por acaso não tivesse acontecido nada disto. Por outro lado, estou contente, porque vejo as coisas mais ao natural, como elas são."
[De um mail]

6.1.05

Horrível verdade

Acordo cingida pela morte. Procuro o brilho das paredes brancas mas sou interpelada pela contemplação embaraçada de um par de olhos que já não vêem. O paradoxo, a função delida pela despedida da vida. As minhas mãos emulam o coração, tremendo sincopadamente, experimentando a secura insuportável daqueles corpos dispostos em simetria na babel da morgue. Tenho três anos e conheço muito mais que tu, que porventura lês estas linhas. Vejo a morte a meu lado, pressurosa, diligenciando uma arbitrária safra de inocentes.

Disseram-me morta mas pela porta entreaberta reconheço um elefante de pano nas mãos da credulidade. Choro, o meu avô também do outro lado do espelho.

Etiquetas:

2.1.05

Esperança

Era escuro e bafiento. No chão oculto pelo negrume imperecível senti os despojos do passado: ossadas de animais de grande porte [mamíferos com certeza], uma enorme carcaça cúbica irradiando um frio metálico, talvez uma velha máquina de lavar roupa, cagadelas várias tapadas pudicamente com papel amarelecido [cor associativa, eu não vi, no escuro da caverna, aquela cor. Só que a semiologia faz parte de mim] e sobretudo madeiras podres. Foi junto a uma pilha de tábuas de pinho [madeira associativa, para mim poética] que me decidi. Num trejeito célere, congénito, libertei a água mesclada com ureia em doses conhecidas pelos químicos e naquele ponto, o único ponto fixo do universo [as minhas pernas balanceavam de tal forma que naquele momento eu era o pêndulo de Foucault], decerto se remeteu a imaginação dos espectadores [se os houvesse] para as comportas abertas da barragem de Assuão. No próximo ano voltarei ao ponto. A razão, talvez do caos a vida. A esperança de ali ver uma flor.